No Evangelho segundo São Mateus, Jesus deixa claro: “Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, o conseguirão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,19s). Nesses versículos, o Senhor despertou seus discípulos para reunirem-se em comunidade para elevar a Deus suplicas, louvores, pedido de perdão e ação de graças. Seria a gênese dos Grupos de Oração Católicos.
Na primeira comunidade cristã, descrita no livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas evidencia a constância em que os cristãos primitivos se reuniam para oração. “Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração” (At 2, 42). Mas quais características norteiam um Grupo de Oração Católico Carismático? Veja a seguir.
1. A alegria de reunir os irmãos
São inúmeras as maneiras de espiritualidade da Igreja: Cursilhos, Focolares, Novas Comunidades, Cenáculo com Maria, Apostolado da Oração, Oficinas de Oração e vida etc. Em todas essas expressões é possível identificar como uma característica forte o acolhimento aos irmãos que chegam e a promoção da vida fraterna.
Nos Grupos de Oração da Renovação Carismática Católica é pedido que a Reunião de Oração tenha sempre “uma atmosfera de fraternidade e alegria, pela qual as pessoas se sentem acolhidas, amadas e felizes durante o tempo em que ali estiverem” .
2. Unidade com a Santa Igreja
Acima de qualquer coisa, é preciso que os Grupos de Oração Católicos Carismáticos estejam em profunda unidade com o Magistério da Igreja
Os conteúdos formativos e pregações trabalhados nos encontros precisam ser embasados nos documentos do Magistério, como Catecismo da Igreja Católica, Código de Direito Canônico, entre outros.
Uma atenção especial seja dada aos pronunciamentos do Santo Padre, o Papa Francisco, sobretudo por meio de exortações apostólicas e demais documentos.
3. Vivência de Pentecostes
Para que haja frutos em abundância, é preciso que os irmãos que se reúnem para oração busquem uma vivência profunda de vida espiritual. Procurem formar-se com os subsídios oferecidos pelos movimentos a que estão ligados, além da riqueza deixada por tantos mestres espirituais da Igreja, como Santa Teresa d’Ávila, São Josemaria Escrivá, Santo Inácio de Loyola etc.
Para um Grupo de Oração Carismático esta espiritualidade forte será evidenciada pelo uso dos dons carismáticos. Como São Paulo ensina na primeira carta aos Coríntios, “a cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum” (I Cor 12, 7). Portanto, crescer na Graça passa pelo exercício dos carismas na oração em comunidade.
4. Devoção à Virgem Maria
“Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus” (At 1, 14). Quando em Pentecostes, enquanto os apóstolos clamavam a vinda do Espírito Santo, estava com eles, em postura de intercessão, a Virgem Maria, Esposa do Espírito.
Ela que, em santidade e pureza inigualáveis, fora chamada por Deus para ser Mãe de Jesus, concebeu por Obra do Espírito Santo, a Cristo, Cabeça da Igreja. De igual modo, esteve estreitamente unida ao Espírito, durante a obra de nascimento da Igreja, como é conhecido o evento de Pentecostes.
Os Grupos de Oração Católicos encontram nela preciosa ajuda para que o Senhor continue a instauração do seu Reino, através da Igreja, pelo derramamento do Espírito.
5. O jeito carismático de ser
Uma outra característica muito clara é a espontaneidade que brota da alegria de quem encontrou-se com a pessoa de Jesus, pela ação do Espírito Santo. É possível perceber isso nas partilhas, nas convivências, nos momentos de oração, durante os eventos, entre outros.
Como lembra a Palavra de Deus, “como é bom e agradável para irmãos viverem unidos” (Sl 133,1). A vivência de uma relação fraterna saudável e contínua não só estreita os laços humanos, mas une os corações em Deus e na vivência da fé.
Além destas, existem inúmeras características de um Grupo de Oração Católico Carismático. Acima de tudo, é preciso lembrar que um movimento surge a partir de uma experiência com Deus, que suscita uma vivência própria que precisa ser discernida e acolhida no seio da Igreja.