Quando o assunto é finanças e propósito de vida, parece que nos falta um pouco mais de equilíbrio. De fato, numa sociedade tão materialista, o grande desafio é colocarmos o dinheiro em seu devido lugar, sem comprometer o resto da vida.
Por exemplo, para “favorecer a prosperidade doméstica”, sem comprometer a dignidade da família cristã instituída por Deus (cf. CIC §2210).
Então, para isso, teremos que entender como equilibrar a riqueza material e espiritual. Continue lendo!
Deus despreza o dinheiro, correto?
Não! Deus não despreza nossas finanças e muito menos fala aos nossos corações para deixar de lado a prosperidade de nossa casa. Ainda mais, se temos como propósito de vida último entrar no reino dos céus.
Contudo, como interpretar a passagem do Evangelho sobre o Jovem Rico (Mt 19,16-30)? Vamos meditar um pouco?
Antes de mais nada, lembremos quem era o Jovem Rico, que, ao chegar até Jesus, pergunta ao Messias o que é preciso fazer para entrar no reino dos céus. E Jesus o responde retomando os mandamentos da lei de Deus: “não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo”.
O jovem responde a Jesus que já observava tudo aquilo. Então Jesus lhe dá um mandato que o faria ir além: “se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!”.
O Evangelho continua dizendo que o Jovem foi embora muito triste pois possuía muitos bens.
Dessa forma, ao meditarmos sobre este Evangelho vemos claramente que Jesus afirma: “só uma coisa te falta…”. Ou seja, aquilo que amarra, que impede de viver o nosso maior propósito de vida: unir-se perfeitamente a Cristo.
Porém, o jovem que desejava a perfeição, ainda era apegado aos seus bens materiais. Entre Jesus e seus bens, o jovem, erroneamente, escolheu a sua riqueza e se afastou para longe, com desânimo e abatimento.
Para encontrar o equilíbrio entre a riqueza material e espiritual
Ou seja, percebemos que o problema não está em possuir os bens materiais, e sim em ser apegado a eles. Logo, Deus não é contra a riqueza, mas sim contra a idolatria ao dinheiro.
Então, como entender de forma madura e equilibrada sobre as finanças e propósito de vida que temos?
Primeiramente, entenda que podemos, sim, ter riqueza material e, ao mesmo tempo, um propósito de vida no Espírito Santo: “Podes ter riquezas sem ser envenenado por elas: por exemplo, podes ter riquezas em tua casa ou em tua bolsa, e não em teu coração” (Introdução à vida devota, parte III, cap. XIV, I, 142).
Não é que o material tenha o mesmo valor que o espiritual, mas sim que precisamos conviver com as duas realidades. Para equilibrarmos a riqueza material e espiritual devemos compreender que neste mundo uma caminha ao lado da outra.
Assim disse São João Crisóstomo: “A riqueza não é má, mas o amor à acumulação e ao dinheiro. Uma coisa é ser amante do dinheiro e outra é ser rico” (Vaticano News, 10/07/2022).
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Equilibre a vida financeira com nosso propósito de vida
1° – Tenha sempre em mente a ordem das coisas!
Não importa quão alto cheguemos nesse mundo, Deus sempre será maior que tudo. Precisamos recordar isso diariamente a nós mesmos, também em nossas finanças e propósito de vida.
Deus é maior que todas as coisas. Sem Ele, nada, nem mesmo nós, existiria!
Tudo o que possuímos está abaixo de Deus e só existe com a sua permissão: “Dele, por ele e para ele são todas as coisas” (Rm 11,36).
2° – A riqueza favorece o seu propósito de vida
As nossas finanças só fazem sentido se nos ajudarem a transcender neste mundo e se o nosso propósito de vida é o céu; nossa Vida financeira deve estar a serviço do bem.
“Poderoso é Deus para cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que, tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para toda espécie de boas obras” (2 Cor 9,8).
3° – Fuja dos excessos
Viver com simplicidade não significa viver na miséria, mas renunciar àquilo que é desnecessário. Nesse sentido, em vez de colocar as finanças e propósito de vida para um fim ordenado, nos apegamos ao consumismo.
Um vício muito perigoso, que alimenta vaidade de só acumular riquezas neste mundo enquanto Deus nos convida a acumular riquezas no céu.
“Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6, 20-21).
Prosperidade versus Abundância
A teologia da prosperidade afirma erroneamente que Deus promete muitas riquezas àqueles que doam dinheiro para a igreja – isso é uma inversão, “uma mentalidade pagã, que obriga Deus aos nossos próprios interesses”.
Por outro lado, Nosso Senhor, promete abundância de uma vida plena: “eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Viver na abundância significa ter a presença de Deus em todas as áreas da vida!
Enfim, uma vida onde reina a paz interior é somente com Cristo no centro de nossa vida. Como diz Santa Teresa D’ávila: “quem a Deus tem, nada lhe falta”.
Por fim, nada falta àquele que, com amor e sem esperar nada em troca, doa um pouco do que tem. “Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama o que dá com alegria” (2 Cor 9,7).