Skip to main content

Natal: Por que Jesus nasceu pobre?

É no mínimo intrigante para alguém que não compreende o mistério do Natal ver um Deus Todo-Poderoso nascer como um pobre.

A pobreza na qual Deus quis fazer nascer o Seu filho é para nós um ensinamento de grande profundidade. Pois, embora muitos olhem apenas para aquilo que é material, a pobre manjedoura de Belém nos leva além desse olhar.

Muitos foram os santos que se debruçaram na meditação da encarnação do Verbo de Deus. E foram essas meditações que nos fizeram compreender que a pobreza que acolheu a Sagrada Família de Nazaré deveria ser para sempre a nossa mestra.

Mas afinal, o que o cenário da Natividade tem a nos ensinar? Vamos meditar juntos?

A realidade financeira em que vivia a Sagrada Família

Algumas passagens das Sagradas Escrituras nos fazem acreditar que a condição vivida pela Sagrada Família era de simplicidade, como é o caso da passagem abaixo:

“Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: ‘Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor’; e para oferecerem o sacrifício prescrito pela Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.”

Ora, esse tipo de oferta feita por Maria e José era a de menor valor naquela época, onde somente aqueles que eram bem desprovidos faziam.

Outro fato que denota a posição social da Família de Nazaré é a profissão de São José:

“Jesus foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: ‘Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa? Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?’” (Mt 13,54-55)

Diante destas passagens, fica claro que Deus não enviou o Seu filho Jesus para nascer no seio de uma família rica e de muitas posses.

A pobreza do Natal como resposta ao nosso materialismo

Em nossos dias, a beleza de uma vida simples e sem uma corrida frenética atrás de dinheiro parece não atrair os olhares de muitas pessoas.

Dessa forma, cogitar um casamento ou ter um filho sem antes construir um império ou no mínimo fazer uma festa com todas as pompas que o mercado oferece, para muitos é inconcebível.

O desejo em possuir bens renomados, como roupas e calçados caríssimos somente para elevar o status social parece ser uma realidade normal para a maioria das pessoas.

De forma concreta, presenciamos comportamentos semelhantes, agora mesmo, no tempo do Natal. Muitos estão mais preocupados em ter roupas glamourosas do que em preparar o coração para o sentido espiritual do Natal.

Essa tendência ao materialismo, embora se encontre em um pico jamais visto, é uma realidade presente desde os primórdios. Parece mesmo que o pecado original desordenou de tal forma o ser humano que o fez inclinar-se mais para o que é de natureza material do que espiritual.

Talvez tenha sido esse um dos motivos pelos quais O Senhor desejou vir ao mundo completamente despojado de bens e honras: para nos ensinar o real sentido de nossa existência: a eternidade. Sim, nascemos para aquilo que não passa!

Dessa maneira, Deus abandonou pedagogicamente a Sagrada Família à Sua Divina Providência para que o mundo aprenda aquilo que logo depois fora proclamado por Jesus:

“Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”

Dessa forma, o precário cenário do Natal de Jesus, nos recorda, acima de tudo, que se nos colocarmos como dependentes de Deus, nada nos faltará.

A pobreza do Menino Jesus como resposta a nossa autossuficiência

É difícil dar algo a alguém que julga já possuir todas as coisas. Deus deu o seu Filho para a humanidade, mas poucos O recebem.

O Natal traz consigo o maior presente que nós, seres humanos, poderíamos receber, mas somente aqueles que desprezam tudo o que possuem podem usufruir desse presente.

É recebendo Jesus que nos tornamos essencialmente ricos, como nos ensina o Catecismo: “[…] já na sua Encarnação, pela qual, fazendo-Se pobre, nos enriquece com a sua pobreza” (Cf. CIC, § 517)

Pois para receber a Cristo, dom de Deus, faz-se necessário reconhecer-se necessitado de tão sumo Bem.

Sim, somos necessitados deste bem, mas poucos são os que reconhecem essa verdade e, por isso, não conseguem receber a salvação que chega com o Natal de Jesus.

Sobre isso, Teresa D’Ávila nos adverte: “Não dissimule com ostentações e sorrisos ocos. Quem repousou em uma manjedoura deseja recostar-se em sua pobreza e debilidade humildemente reconhecidas.”

Portanto, a medida que avança o materialismo, o egoísmo e a autossuficiência, que avance também em nós o desejo de receber o Cristo que vem e de proclamar assim como São Paulo:

“Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com este bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo e estar com ele.” (Fl 3,8-9)

E-BOOK: BAIXE GRATUITAMENTE