Skip to main content

Por que Jesus diz: “Felizes os pobres”?

Não são poucas as passagens bíblicas que exaltam os pobres e que demonstram um cuidado especial de Deus por essas pessoas.

Sim, parece que Deus tem uma predileção toda especial pelos pobres. Ao ponto de Jesus Cristo dizer por diversas vezes que a pobreza é uma bem-aventurança.

Mas, afinal, qual é a pobreza mencionada tantas vezes por Jesus, inclusive em um de seus ensinamentos mais importantes, como o Sermão da Montanha.

Em que consiste a verdadeira pobreza pela qual o Senhor nos garante a herança dos céus? Uma pessoa pode ser rica e, ao mesmo tempo, pobre?

É correto pensar que Deus ama mais os pobres do que os ricos? E que, portanto, para amar a Deus e ser amado por Ele precisamos deixar todos os nossos bens?
Essas e outras perguntas perpassam os pensamentos da maioria das pessoas quando se deparam com o convite de Jesus à pobreza.

Para nós, carismáticos, que buscamos sempre ter uma mentalidade e uma vivência segundo o Espírito, é de suma importância compreendermos os ensinamentos de Jesus.

Continue lendo para que juntos encontremos a essência das palavras de Cristo, quando Ele diz: “Felizes os pobres”.

Em que consiste a verdadeira pobreza?

No Sermão da Montanha Jesus declarou: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5, 1-12).

Muitos estudiosos, ao interpretarem essas palavras de Jesus, trazem reflexões sobre pobreza e riqueza. Essas interpretações, muitas vezes, estão permeadas de discursos ideológicos e extremistas que dificultam a essência desse ensinamento de Cristo.

Dessa maneira, para nós, cristãos, conceituar a palavra pobreza precisa, acima de tudo, ser uma ação feita à luz da fé.

Dessa forma, quando o Senhor exalta os pobres e lhes garante o Reino dos Céus como herança deve ter para nós um sentido mais profundo, transcendente. Deve ser uma reflexão que traga para nós a essência da pobreza e daquilo que ela traz para cada um de nós.

E, de fato, a verdadeira pobreza não consiste apenas em ter poucos recursos ou bens, confiando na Divina Providência. Mas, sobretudo, em ter o coração preenchido pela maior riqueza, que é Jesus.

Dessa maneira, a verdadeira pobreza está intimamente ligada ao primeiro mandamento da lei de Deus que consiste em amá-Lo sobre todas as coisas e ao nosso irmãos como a nós mesmos.

Como disse o Papa Francisco:

“Os ‘pobres em espírito’? São aqueles que sabem que não bastam a si mesmos, que não são autossuficientes, e vivem como “mendigos de Deus” (Angelus, 29 de janeiro 2023).

O exemplo dos Santos ricos

Muitos não compreendem como grandes santos de nossa Igreja conseguiram a santificação mediante tantas consolações que poderiam ter através de suas riquezas.

A vida austera e a simplicidade existentes na história de muitos santos parecem nos fazer acreditar que riqueza e santidade não combinam.

Porém, ao olharmos para o exemplo de vida de muitos santos, como José de Arimatéia, São Luís XVI, Santo Inácio de Loyola, São Francisco de Assis, dentre outros, essa afirmação parece ser justificada.

Santa Teresa D’ Ávila, por exemplo, tem uma frase célebre onde ela diz: “Teresa sem a graça de Deus é uma pobre mulher, com a graça de Deus, uma fortaleza; com a graça de Deus e muito dinheiro, uma potência.”

A vida desses e de outros santos demonstram que existe uma via pela qual os que possuem muitos bens devem caminhar.

A via do despojamento total daquilo que é material está presente na vida de muitos santos da história da Igreja e sem dúvidas é por meio dela que esses e outros cristãos encontraram a Cristo.

A pobreza evangélica

Olhando a vida dos Santos e de grandes figuras bíblicas como Jó, percebemos que existe uma pobreza que ultrapassa aquilo que é material: a pobreza evangélica.

A pobreza evangélica não existe para abolir a necessidade do homem de relacionar-se com os bens materiais, mas dá-lhes o devido lugar na vida humana: de meros instrumentos de santificação.

É possível viver a pobreza tendo muitos bens

Sim, é possível vivermos como pobres mesmo possuindo muitos bens. Porém, não podemos deixar de considerar os perigos que existem na riqueza, e afirmar que não são poucos.

Se não fosse assim, o próprio Jesus não teria dito: “Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19,24).

É necessário lembrar que as consolações, facilidades e comodidades podem nos levar a idolatria do dinheiro e a confiança no poder aquisitivo.

Dessa maneira, a pobreza não consiste em “não ter”, mas em ter sem apegar-se àquilo que se tem. Exige de nós uma maior vigilância, vida de oração, exame de consciência constante e caridade fervorosa.

Portanto, ao vivermos na abundância de dons, devemos sempre considerar que, com exceção de Deus, tudo passa.

Leia também: Equilíbrio entre riqueza material e bem estar espiritual

Pobreza: um chamado para todos

“Os “pobres de espírito”…vivem como ‘mendigos diante de Deus’. Sentem a sua necessidade d’Ele e reconhecem o bem que d’Ele vem como um dom, como uma graça”.

Dessa maneira, viver a pobreza não é um chamado reservado apenas para uns poucos, como monges ou missionários, mas é para todos os cristãos. Cada pessoa em sua vocação e estado de vida é chamado a viver como os pobres.

Para vivermos como pobres, independe de nossa vocação. Somos chamados a imitar Cristo, aquele que se fez pobre, se esvaziou, saindo do seio da Trindade e se fazendo homem como nós.

Isso não quer dizer que aqueles que são pai e mãe de família ou que necessitam do dinheiro devam excluir esse recurso de suas vidas. Antes, devem enxergá-lo como um dom de Deus, uma prova da Providência Divina.

COLOCAR AQUI O CTA PARA O EBOOK A LÓGICA DA DIVINA PROVIDÊNCIA

A Providência Divina é aquela que rebaixa o rico e engrandece o pobre, como vemos no Cântico de Maria – Aquela que foi para nós exemplo de verdadeira pobreza.

Portanto, desejando Deus salvar todas as almas, jamais permitiria abundância na vida de um pobre orgulhoso. Assim também exalta os pobres em espírito, fazendo-os sentar-se entre os ricos.